A PEC 55 foi
aprovada ontem à noite, em primeiro turno, pelo Senado. À tarde, as forças
policiais haviam reprimido com dureza as manifestações em Brasília contra a
votação da chamada PEC da Morte ou do Fim do Mundo, como ficou conhecida.
Cavalaria, bombas de gás lacrimogênio, cassetetes, helicópteros à espreita,
porrada. O cenário de praça de guerra já se instalava antes mesmo de os
manifestantes chegarem a 1 km do prédio do Congresso. Lembrava os tempos de
ditadura militar.
“Hoje é um
triste dia para o Brasil, para uma República que já se mostra velha, carcomida,
policialesca”, disse Vagner Freitas, presidente da CUT, em entrevista. “O
Congresso é uma expressão da sociedade, e o governo deve entender que o direito
de manifestação é algo que faz parte”. E arrematou: “Sou testemunha da
violência contra a manifestação, em sua maioria estudantes. O impeachment, a
renúncia, a saída do Temer é necessária. Estamos vivendo um estado de exceção”.
A votação da
PEC em segundo turno deve ocorrer no próximo dia 12. Se aprovada, o Brasil verá
uma triste repetição: amanhecerá no dia 13 de dezembro sob uma legislação
antipovo, à semelhança do AI-5 aprovado na mesma data em 1968.
Nesta terça,
as mobilizações, que reuniram milhares de pessoas, foram convocadas pelos
movimentos sociais para pressionar os parlamentares a não votar a medida,
conhecida como PEC da Morte ou PEC do Fim do Mundo. A PEC 55 pretende congelar
investimentos sociais públicos até 2036, atrelando-os apenas aos índices de
inflação.
A mídia
tradicional, que durante praticamente todo o dia ignorou o tema, quando
retratou as mobilizações o fez classificando os movimentos sociais como
“vândalos”. A mesma mídia segue escondendo da população o debate sobre os reais
efeitos que a PEC teria sobre a vida das pessoas.
Fonte: CUT